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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O QUE É EMPIRISMO?

Gerson Nei Lemos Schulz



O que é empirismo? Qual o reflexo dessa posição filosófica para a ciência?



Para fazer a relação é preciso definir o que é empirismo. Toda pessoa que acredita que o cérebro humano é como uma "tábula rasa", isto é, como uma folha de papel em branco onde alguém, munido de uma caneta, pode anotar o que quiser, é empirista. A idéia de tábula rasa é mencionada por John Locke (1632-1704) que como Francis Bacon (1561-1626) era empirista. Essa interpretação do mundo nasceu e difundiu-se na Inglaterra em contraposição ao racionalismo cartesiano que despreza a experiência empírica.



Bacon escreveu uma obra chamada "Novum Organum" em oposição a Aristóteles (384-322 a.C.). Aristóteles admitia que nada chega à mente sem antes passar pelos sentidos. A isso Bacon acrescenta algo que Aristóteles deixou de fora do processo de formação do conhecimento, a demonstração. O empirismo parte do método indutivo para chegar a proposições universais. Assim a experiência empírica realizada exaustivamente e sob rigoroso controle do método científico garante a verdade para os empiristas, essa forma de analisar a natureza é o fundamento da ciência moderna. A ciência moderna não é meramente lógica e observacional como era a epistemologia do mundo antigo e medieval, ela é empírica à medida que usa laboratórios para comprovar hipóteses e compreender as leis da natureza expressando-as em linguagem simbólica (lógica e matemática).



Bacon que foi filósofo-cientista realizou experiências empíricas a fim de descobrir um processo para conservação de carnes (já que não havia geladeiras no século XVI). Por isso ele ficou famoso quando aperfeiçoou o processo de defumação da carne de porco. Ele percebeu que uma peça de toucinho exposta à fumaça de madeiras se conservava por mais tempo. É por isso que o toucinho é também conhecido por "Bacon". A fim de guiar o cientista a fazer ciência Bacon adverte sobre os quatro erros comuns dos homens que ele chama de "ídolos". São estes: 1) Idola tribos (ídolos da tribo): os erros da raça humana fundamentados na natureza como tal (onde não se sabe o verdadeiro porquê das coisas); 2) Idola specus (ídolos da caverna): determinados pelas disposições subjetivas de cada pessoa; 3) Idola fori (ídolos do fórum): erros que se comete no dia-a-dia (opiniões ou ambigüidade das palavras); 4) Idola theatri (ídolos do teatro): erros provenientes das escolas filosóficas que substituem o mundo real por um mundo de fantasia, de teorias.



Concluindo, tanto para Bacon quanto para Locke a natureza deve ser dominada e para isso é preciso o homem, por meio da ciência, entendê-la e representá-la com teorias guiadas pela matemática e fundamentas pela experiência, ou seja, comprovadas empiricamente. A grande novidade da ciência é que as experiências realizadas pelos cientistas, se controladas metodicamente, podem ser universalizadas, repetidas a qualquer tempo, desde que nas mesmas condições, por qualquer pessoa e esta, necessariamente, chegará aos mesmos resultados. Mas a ciência de hoje, embora muito influenciada pelo empirismo, é empírico-formal, ou seja, extrai das experiências empíricas as leis universais que são forjadas matematicamente.

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